Aldeias Históricas - Piódão
- 365 Trails Private Pilgrim Guide

- 24 de jan. de 2024
- 3 min de leitura
O Piódão

fica na Serra do Açor, na fronteira entre as serras de Xisto a Sul e as de granito a Norte.
As pastagens do Açor recheadas de nascentes atraíram desde sempre os pastores para ali alimentarem os seus rebanhos. Na época medieval, formou-se um pequeno povoado a que foi dado o nome de Casal Piodam, depois mais tarde e sem se saber a razão foi transferido para a atual localização. Crê-se que tal nomeação talvez seja devida à instalação de um Mosteiro de Cister, de
que já não restam vestígios, o que fará remontar o lugar ao séc. XIII. Conta-se que nesta aldeia se teria fixado um dos assassinos de Inês de Castro, nomeadamente Diogo Lopes Pacheco. O seus apelidos ainda hoje existentes no Piódão: os Lopes e os Pacheco, ondes os últimos tinham direito a tribuna própria na igreja.
As referências a Piódão ao longo dos séculos referem quase sempre o local como refúgio e isolamento do resto do mundo. Diz o povo que Piódão vem de “pior do mundo “. Quando um criminoso lá se refugiou, fugindo da justiça enviou notícias para a família, muito longínqua, dando conta do local onde estava como “o pior do mundo “. Na sua origem, a população pode ter alguns
fora-da-lei em virtude de ser um local bastante distante e isolado do resto da civilização e por isso para eles seguro.
A grande modernização da aldeia de Piodão aconteceu no seculo XIX quando o Padre Manuel Fernandes Nogueira abriu uma escola primária masculina, mandou construir pontes e caminhos, incentivou a plantação dos primeiros pinhais e remodelou a igreja paroquial. A par da escola masculina, existiu ainda um colégio interno fundado por este vigário (1885) e que funcionou como um
pólo cultural de grande importância para a zona. A formação equivalia aos estudos liceais, depois um pequeno estágio após o qual os alunos estavam preparados para o ensino ou para o seminário. Era o vigário Nogueira que dava as aulas. O colégio funcionou até 1906, passando por lá mais de 200 rapazes.
A aldeia do Piódão é característica pela sua disposição em anfiteatro, chamada também de presépio de xisto, com as casas de grande unidade formal, arquitetónica e estética. O casario, em alvenaria de pedra de xisto, tem cobertura de lajes no mesmo material. As janelas de pequena dimensão têm tal como as portas cores de um azul forte. Esta cor é ainda hoje um mistério,
contudo a explicação mais comum prende-se com o isolamento da aldeia. Com a chegada de uma lata de tinta azul à então única loja do Piódão, e não havendo outra escolha/opção, a cor azul impôs-se tal era a inacessibilidade do
lugar.
O Piódão é hoje uma das aldeias mais turísticas e visitadas do nosso pais, perdendo um pouco da ruralidade que foi a sua essência.
Não muito distante da aldeia do Piódão, existe uma pequena jóia de nome Foz D’Égua que recomendo muito a sua visita, seja fazendo o trilho circular desde o Piódão, ou chegando a ela através de carro. O trajeto de carro são 10 minutos. Em Foz D’Égua para além das casas tradicionais, destaca-se a piscina natural,
a ponte de dois arcos local onde se dá o encontro da ribeira do Piódão com a ribeira de Chãs d’Égua. O percurso pedestre inicia e termina no largo da igreja matriz do Piódão e tem uma extensão de 7 km, com um nível de dificuldade classificado entre o moderado - fácil. Quanto à marcação do percurso, considera-se que se encontra que está bem marcado.
Quanto ao trajeto do percurso propõe-se que este seja realizado no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Ou seja, saindo do largo e indo pelo lado esquerdo, chegando ao final da rua voltar à direita. No que diz respeito ao equipamento adequado à atividade pedestre. recomenda-se utilizar calçado com boa aderência, uma vez que as lajes de xisto com a humidade são bastante escorregadias. Utilizar, ou levar um agasalho porque o tempo nestas paragens pode mudar muito rapidamente, e
também como estamos num vale temos menos horas de sol. Em Foz D`Égua recomenda-se algum cuidado com o piso na descida, um bastão aqui poderá ajudar muito a estabilizar o corpo. Depois de passar a ponte temos à nossa esquerda a subida que nos levará à estrada de alcatrão. Chamo à atenção que esta subida que é longa e com uma inclinação considerável, recomendo fazê-la lentamente e com tempo para apreciar as vistas.
Ter em conta que durante todo o percurso não existem pontos de água potável; esta é uma questão importante qualquer que seja a estação em que se encontrem mas sobretudo de verão. Por isso uma mochila com água suficiente para o tempo que fizer, algum alimento e um casaco suplementar, são itens
OBRIGATÓRIOS neste tipo de territórios e atividades.


















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